A sociedade sempre criou e vai continuar criando estereótipos.

17:54 1 Comments A + a -

Quando não estamos no padrão pre-determinado pela sociedade somos vistos como pessoas 'anormais'. Loucas. Diferentes. Acabamos sempre sendo motivos de piadas, de cochichos e de calunias.
Desde criança sempre soube o que é ser diferentes. Digo. Ser diferente dentro do que chamam de normal, porque eu sou uma pessoa absolutamente 'normal' como qualquer outra porque eu sou um ser humano. Quando criança o fato de so ter minha mãe me tornava um ET diante das outras crianças da minha idade. Algumas eram proibidas até pelos próprios pais de brincar comigo. Mas ai eu cresci, as crianças amadureceram e passou. Passou? Nada disso. Sai da escolinha fui para o ginásio (Fundamental II) e foi quando eu percebi que so era o começo. Quando entrei pra 5º serie em uma escola que não vou mencionar eu tinha acabado de passar pela separação da minha mãe e estava lidando com o fato de meus irmãos terem ido morar longe e minha familia ter acabado e eu só queria ficar na minha. Aparentemente em uma sociedade cheia de estereótipos ficar na sua é algo completamente anormal. Para ser normal você tem de ser o idiota da turma. Não, não queria esse papel, esse eu passo a um otário qualquer. Então em momento algum abri mão de mim mesma, doeu? Um pouco. Depois as zuaçoes eram por ser desenvolvida demais pra minha idade. Aos 13 anos essa zuação passou. Mas o fato de eu ser eu mesma ainda incomodada muita gente, sempre tinha sussurros e piadinhas. Parece que ser uma pessoa observadora com uma mente filosófica é motivo de chacota. A gente tem de aparentar ser mais burro do que o próximo pra que não nos olhe de lado. 
Passado os anos eu continuei na minha ignorando Deus e o mundo. Se perguntasse o que achavam de mim iriam dizer 'estranha' agora pergunte o porque? Porque eu não era idiota igual aos demais? Porque eu não ficava bancando a palhaça da sala? Ou porque não perdia meu tempo com besteiras? É isso tudo aê. Quer saber, aqueles idiotas me dão nojo até hoje. Com o tempo sem me conhecerem começaram a questionar minha sexualidade, minha moral e minha sanidade. Tudo isto sem ao menos terem trocado uma palavra se quer comigo. Ai veio os rumores, as fofocas de pessoas que não tem o que fazer.
Depois veio a faculdade e minha cabeça pensou 'finalmente adultos. chega de conviver com crianças.' . Engano meu, as coisas ficaram iguais ou pior, os mesmos cochichos, as mesmas fofocas, os mesmos otários. Pessoas que tão ocupadas demais com a vida dos outros pra se preocuparem com a própria.
O ser humano é igual em qualquer tempo, em qualquer lugar, e sabe depois de tanto pensar eu cheguei a conclusão que é como no baralho (do livro que li certa vez de Jostein Gaarder) eu não sou ouros, nem paus, nem copas nem espadas. Eu sou o curinga e não pertenço a familia, grupo algum. Enquanto todos vivem suas vidas mecânicas sem se espantar com nada,sem admirar o mundo, eu sou o curinga que questiona toda a existência  que quer respostas pra tudo, que ve alem dos olhos. Sou aquela peça sempre vagando por ai em busca de tanta coisa.

"Um curinga é um pequeno bobo da corte; uma figura diferente de todas as outras. Não é nem de paus, nem de ouros, nem de copas e nem de espadas. Não é oito, nem nove, nem rei e nem valete. É um caso a parte; uma carta sem relação com as outras. Ele está no mesmo monte das outras cartas, mas aquele não é seu lugar. Por isso pode ser separado do monte sem que ninguém sinta falta dele."

“Apenas o Curinga do jogo não se deixa iludir


Gabriela

1 comentários :

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2 de julho de 2011 às 16:18 delete

Achei incrível essa metáfora do curinga, e como eu já me senti curinga... No colégio a mesma coisa que você, muita zoação, muitas brincadeiras sem graça, isolamento, na faculdade ocorre menos, ou talvez eu tenha aprendido a me defender disso e imponha um nível de intolerância à babaquice. Sei lá.

Não me sinto velho, não tenho nem 25 anos, mas me sinto maduro pra muita coisa, talvez mais maduro que muita gente que conheço, não tenho nem nunca tive paciência pra babaquice, meninice, eu sempre me preocupei com questionamentos mais importantes, condutas...

Quanto aos esteriótipos eu sei que carrego alguns deles, mas carrego apenas diante dos olhos dos outros, e confesso que gosto até de brincar com isso (afinal não me resta muita coisa), gosto de confundir, de disseminar a dúvida e mostrar que não me cabe classificação, afinal eu sou um curinga, não sou paus, nem ouros, nem espada e nem copas...

Quando me colocam de um lado eu mostro que posso ser do outro, se me chamam louco eu mostro que sou normal, ou que sou completamente insano. Eu gosto de confundir, eu não to aqui pra explicar, mas confunfindo eu acabo explicando que não há explicação, nada é exato, cartesiano, preto ou branco. Existe muito entre o 8 e o 80, e eu to lá no meio dos dois, nem de um lado nem do outro.

E quem se achar normal eu só posso ter pena dessa pessoa, normalidade é um conceito vazio, bonito e perfeitinho na teoria, mas que não consegue sobreviver na prática.

Bjo

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